Contos e Crônicas

13:06:00

"Me mudei na esperança de te mudar em mim" 
E ai eu comecei a banalizar o seu apelido, chamava todo e qualquer cara pelo nome que eu te chamava pra ver se assim doía menos, se assim eu desapegava. Eu comecei a aceitar todo e qualquer pedido pra sair, pra dançar, só pra ver se você ia sumindo dos meus olhos, das minhas lembranças. Não era fácil, não é fácil.
Eu ficava repetindo todos os mantras na minha cabeça - um dia de cada vez, um pé na frente do outro - mas eu sempre caia na minha própria armadilha, nessa de me lembrar de te esquecer, eu acabava lembrando todos os seus detalhes, fui tão firme na minha decisão de te tirar da minha vida, que acabei te fazendo presente em tudo, na xícara de café esquecida em cima daquele seu livro, das teias de aranha no nosso quarto. Eu banalizei tudo sobre o nosso relacionamento, menos o meu sentimento. Eu fui tão minimalista em queimar todas as fotos, em jogar fora aquela camiseta da nossa primeira vez, mas nunca achei um remédio que apagasse memoria. Eu assisti "O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças" umas 10 vezes, só ate a metade, só ate a parte em que ele decidi apagar ela da memoria. Eu fiquei meio psicopata, fixamente instável. Parei de escutar aquele reggae que embalava nossas noites e comecei a escutar aquele sambinha que "tu" não gosta. Troquei o nosso café por um chá que não era adoçado por lembranças, de preferencia um chá verde, sem graça. De repente os loiros começaram a me chamar a atenção, confesso que não conseguia chegar perto de um Moreno de sorriso perfeito. 
E a verdade é que, nada disso funciona, peço desculpas a mim mesma, por que eu prometi que acharia a receita. Fracassei, miseravelmente. Por que um amor, ele não acaba, como dizia Paulo Leminski, ele se transforma em uma "matéria-prima 
que a vida se encarrega de transformar em raiva. Ou em rima." E pra minha mais pura raiva, você é a minha mais doce rima.

Beijinhos Literários da Lore

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